Essa técnica tem como objetivo trazer para a consciência e desmascarar nosso diálogo interno destrutivo. Quando o seu diálogo interno estiver trabalhando contra você, significa que está desalinhado.
Não faz sentido trabalharmos contra nós mesmos, não é? Pois é, mas fazemos isso do mesmo jeito.
A técnica que proponho pode atenuar e até desarticular essa voz que gosta de aparecer nos momentos mais impróprios.
O seu diálogo interno parece ter uma voz, mas não tem. É uma projeção. Não é um ente espiritual, nem abdução, é a sua metaconsciência, você se percebendo.
Para falar, precisamos de ar, pulmões, músculos, garganta, cordas vocais e finalmente da boca. Mas, por incrível que isso possa parecer, o diálogo interno não se utiliza destes meios. Parece mais com uma voz dentro da cabeça, no ouvido, ou às vezes até fora do corpo. Portanto, não é uma voz real, não tem existência objetiva, é mais uma das nossas abstrações, a criatividade.
Tem algo mais que notei sobre esta “voz”: normalmente, ela se manifesta como se soubesse de tudo.
– Eu sabia!;
– Você não deveria ter feito isso;
– Como não percebeu que ia acontecer? E assim por diante.
Minha primeira sugestão é desfiá-la.
Nível iniciante impaciente:
Voz: – Você é muito burro para ter caído nessa!
Pessoa: – Se já sabia disso, por que não me avisou?
Voz de pessoas profissionais em autodestruição: – Eu avisei, sim, você que não percebeu.
Pessoa: – Certo, já que sabe tanto, me diga como resolver.
Voz mais acovardada: – Agora não tem mais jeito.
Pessoa: – Se não tem mais jeito, não se meta, vá morrer pra lá.
Nível intermediário sarcástico:
Quando vier a voz, mapeie usando os meta programas.
Pessoa: – Olha só uma voz que tem canal predominante interno, afasta, e que está tentando mandar em mim.
– Poxa, que mandona que você é; por que não pede com jeitinho?
Possivelmente, você precisará se esforçar para responder por ela, não há programação prévia para essa interação.
Se quiser transformá-la em voz amigável, basta mudá-la de posição. Trazê-la para a garganta e “ouvi-la” já fará diferença.
Dica: Caso esteja mais positiva, verbalize e ouça. Vale a pena perceber as mensagens que nosso corpo envia.
Nível Monge:
Acolha a voz, agradeça-lhe e traga-a para a sua garganta ou coração, pedindo que revele o que tem para lhe dizer; se não for positivo, transforme a mensagem em algo positivo, verbalize e pergunte à voz se a mensagem foi passada.
Se a resposta for sim, agradeça e reflita sobre ela. As mensagens têm um porquê.
Se a resposta for não, agradeça e peça a ela que se expresse de maneira clara e gentil. Atenção à resposta.
Chamo a técnica de desmascarar o Macaco em homenagem ao filme Círculo de Ferro, escrito por Bruce Lee, James Coburn e Stirling D. Silliphant, com Jeff Cooper e David Carradine, que interpreta o mestre e o macaco da primeira prova. O termo também é utilizado no budismo, mente de macaco, nossa mente inquieta.
Se questionar e mapear as vozes, perceberá que elas não têm inteligência própria, você precisará ajudá-las a se articular, não são vozes reais de outros seres, são ecos de outros momentos seus.
Memórias, medos infundados e programas obsoletos. Ao achar os canais predominantes das falas, elas perdem protagonismo, porque você se desvincula delas, é quase uma mudança perceptiva forçada. Da primeira, mais emocional, para a terceira, observadora racional.